A construção do conhecimento
A construção do conhecimento, na sociedade atual, constitui-se num processo histórico que envolve diferentes gerações, mídias e representações da informação. Esta dinâmica é parte essencial do processo, considerando que as pessoas, a todo o momento, estão constituindo, criando e recriando novos signos e aprendendo a viver num mundo caracterizado, atualmente, pela necessidade cada vez mais crescente do uso das mais diversas tecnologias.
As tecnologias de informação e comunicação, em especial a internet, são utilizadas nas várias dimensões e setores da vida humana, assumindo, assim, características distintas nas diferentes áreas de convivência e configurando a chamada sociedade do conhecimento: “as tecnologias provocam uma transformação social tão ampla que geram uma sociedade do conhecimento; [...] hoje o controle dos vários segmentos da sociedade tende a formar cada vez mais um espaço comum interativo: a cultura, a educação, a pesquisa e a comunicação” (Dowbor, 2001, p. 65-67).
Como aponta o autor, os diversos formatos e possibilidades de acesso e relação com a informação modificam a maneira como a percebemos, processamos e significamos. Os meios de comunicação representam para o homem grande parte de seu desenvolvimento cognitivo. Todos esses aspectos encontram-se num processo em que a convergência das mídias é responsável por uma importante forma de intertextualidade presente neste contexto. Esta abordagem interativa, à medida que perpassa diferentes meios de significação, permite o estudo dos vários elementos que compõem o design instrucional, a avaliação e as metodologias em EaD.
Dentro do debate sobre o uso de Ambientes Hipermidiáticos de Aprendizagem- AHA, na concepção educacional prática da educação à distância, não podemos deixar de considerar a relevância do uso de suas ferramentas, que caracterizam o suporte da proposta e da abordagem pedagógica, desde o desenvolvimento até a implantação de um curso on-line. Nesse sentido, projetar um ambiente de aprendizagem não é tarefa simples e pressupõe a formação de uma equipe multidisciplinar, composta por professores com domínio do conteúdo e por especialistas da área de informática. Segundo França (2006, p.40),
“os AHA, Ambientes Hipermidiáticos de aprendizagem – são, enfim, entendidos como recursos utilizados para mediar, facilitar e gerir os processos de ensino-aprendizagem em cursos on-line, compostos por um conjunto de ferramentas tecnológicas que, aliadas ao design instrucional de um projeto, proporcionam a possibilidade de distribuição de conteúdo, gerenciamento da informação e outros fatores relacionados às interações gerais de um curso e à produção de conhecimento”.
Outro fator importante deste contexto é não transportar as estratégias de ensino da sala de aula presencial para o ambiente hipermidiático, questão observada pelo design instrucional.
As estratégias do design instrucional devem permitir, desse modo, que o ambiente hipermidiático de aprendizagem possa ser um espaço no qual os recursos e ferramentas são organizados, assim como os conteúdos e atividades disponibilizados aos estudantes pelos seus professores, permitindo a integração entre o design educacional e as necessidades de interação dos seus utilizadores.
No que tange às questões de aprendizagem, é importante ressaltar, como aponta Vygotsky (2003), que “o homem, em sua ação, cria instrumentos e signos para transformar a natureza e a si mesmo, construindo a cultura. O signo age como um instrumento da atividade psicológica, de maneira análoga ao papel de um instrumento no trabalho”. Dessa forma, pode-se refletir que a estrutura hipermidiática - caracterizada nos ambientes de aprendizagem em EaD por sua não linearidade - assemelha-se aos padrões de funcionamento da mente humana, o que pode, provavelmente, estreitar o distanciamento entre o conhecimento e o ser humano, já que o contato deste último com o conhecimento ocorre também de forma não linear.
Ainda do mesmo autor, o conceito denominado "zona de desenvolvimento proximal" sugere que a aprendizagem desperta vários processos internos, capazes de operar somente quando o indivíduo interage em seu ambiente ou quando se encontra em cooperação com seus companheiros. Nessa interação, o indivíduo apreende as informações do meio e as internaliza, transformando-as. Esta absorção não é passiva, mas uma reelaboração ou integração com os conhecimentos que já possui. Finalmente, quando o indivíduo aprende, seu pensamento se modifica transformando-se em novos conhecimentos e ele volta a agir no meio, transformando-o novamente.
AUTORES:Professor Dr. George França,Professora Msc. Liliam Maria da Silva,Professora Msc. Luciana Aparecida Santos e Professor Dr. Paulo A. C. de Vasconcelo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário