quinta-feira, 16 de julho de 2009

Resenha- versão 1

FUNDAÇÃO UNITINS/ SINPRO DF CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM EDUCAÇÃO, DEMOCRACIA E GESTÃO ESCOLAR-2009 DISCIPLINA: METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA DOCENTE: Ms. José Carlos de MeloALUNO: CARLOS FERNANDES CAVALCANTE ATIVIDADE AVALIATIVA: RESENHA

SOBRE CONHECIMENTO E MÉTODOS.

Introdução

O QUE É METODOLOGIA CIENTÍFICA (CARVALHO, Alex et al. Aprendendo Metodologia Científica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, pp. 11—69) é um artigo que possibilita ao leitor uma visão sobre a metodologia científica. Explorando temas relacionados, mostrando assectos básicos de pesquisa em geral, que influenciaram na construção do texto monográfico e no cotidiano. Ao final, propicia o redimensionamento do valor da pesquisa acadêmica, pois, o referido artigo apresenta e explica a construção do trabalho científico, tudo como uma grande jornada, que, se necessário, pode e deve ser continuada, revista ou refeita.
Didático, o artigo apresenta uma divisão que permite ao leitor a compreensão do tema abordado. No presente trabalho, respeitar-se-á a estrutura proposta pelo autor, analisando partes dela.

A aventura histórica da construção
dos fundamentos do conhecimento científico

Algumas indagações que permeiam o texto são apresentadas, bem como a origem etimológica da palavra ciência e o significado de conhecimento, ilustrado por dois exemplos que ajudam a esclarecer a natureza, utilização e tipologia do conhecimento.
Os diversos tipos de conhecimento apresentados pelos exemplos cozinheira e do engenheiro. No primeiro, temos o do tipo senso comum, o mais explorado pelo autor para revelar as diferenças, e no segundo, outro tipo, adquiridos através de estudos, cientificamente estruturados. Assim, surgem duas das mais interessantes questões, que serão ao longo dos outros capítulos respondidas: “se nem todos os conhecimentos são iguais em sua natureza, o que os diferencia? E o que caracteriza especificamente o conhecimento científico?” (pp. 1-2)
Ao concluir, utilizando o exemplo da cozinheira, o autor torna claro algumas características do conhecimento comum, são elas: inquietação com objetivos mais imediatos, a despreocupação com a causa e a generalidade e não há necessidade de protocolos / divulgação dos resultados, o que pode tornar esse tipo de conhecimento estritamente pessoal.
Muitas vezes, pode-se tentar modificar uma realidade, mesmo sem possuir completamente condições para tal. É o que nos mostra a obra “O Óleo de Lorenzo”, que para Araújo (2007, p.01) “é um texto não trata de uma aceitação conformista de nosso destino”. Mas adiante, a autora afirma que “Os pais de Lorenzo se recusaram a aceitar passivamente este diagnóstico e passaram a se dedicar ao estudo dos mecanismos básicos celulares, em livros de cursos de medicina... passavam dias e noites em bibliotecas, mergulhados em livros em uma época em que computadores pessoais e Internet eram palavras completamente desconhecidas... acreditavam que haviam encontrado alguma informação relevante, procuravam médicos e professores dos cursos de medicina e discutiam com eles suas idéias, sempre buscando encontrar uma forma de tratamento que minimizasse o sofrimento de Lorenzo.” Assim, adiciona-se aos dois já apresentados, esse exemplifica muito bem a construção do conhecimento cientifico.
A NATUREZA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Para o autor, o conhecimento científico “surge basicamente no século XVII, com a constituição histórica da modernidade no ocidente”, e que” a relação da ciência com a filosofia e com a arte nunca deixou de existir. São todos, na verdade, campos que se interpenetram e que mantêm pelo menos um vínculo em comum: questionar a realidade de forma a estar sempre discutindo as possibilidades da felicidade humana. ”(p.2) Portanto, compreende-se que o conhecimento científico, apesar de possuir características próprias, dialoga com os outros campos.
Após a introdução, tem-se a apresentação do método científico, que é o caminho, a sua caracterização e definição. Sobre a definição de método apresentada, o autor diz que “tanto nas chamadas ciências naturais ou exatas como nas ciências humanas (que só aparecem no século XIX), tenhamos de lidar com uma pluralidade de perspectivas que procuram fundamentar o processo de produção do conhecimento científico.” (p.4) Tal asseveração, é importante para quem se propõe a realizar um trabalho de pesquisa.
O CONHECIMENTO É UMA RELAÇÃO
Discursando sobre a epistemologia, o autor afirma que “a partir dos trabalhos de I. Kant, utiliza os termos sujeito e objeto fazer referência aos dois pólos envolvidos na produção do conhecimento: o homem (que se propõe a conhecer algo) e o aspecto da realidade a ser conhecido.”(p.5) O objetivo é demonstrar as três perspectivas a respeito do papel do sujeito( o cientista)e o seu comportamento diante da produção do conhecimento, assim denominadas: empirismo (primazia do objeto), racionalismo (primazia do sujeito) e o interacionismo ( inter-relação entre sujeito e objeto).
O empirismo e racionalismo são denominados de representacionismo e fundacionismo por mostrarem a realidade independente do sujeito, o que não ocorre com a interacionista, que não admite a ideia de neutralidade científica. Assim, compreende-se que epistemologia é o estudo dos mecanismos que consentem o conhecimento de determinada ciência.

UM ROTEIRO DE VIAGEM...

Neste momento propõe, através da história da ciência moderna, uma análise das principais tendências metodológicas para a compreensão dos problemas relacionados à construção do conhecimento cientifico,
A viagem proposta começa por Galileu e o Renascimento. Fala dos momentos de crise que levam o homem a descobrir-se capaz de entender como funciona a natureza. Então, surge um projeto moderno de produção do conhecimento estruturado em dois importantes passos: a submissão a natureza, domínio e controle dela.
Na constituição da ciência moderna as grandes navegações refletem a busca por fatos novos e o autodomínio, ou seja a o desenvolvimento de um conhecimento que gere tecnologia necessária para viabilizar o sonho.Se “navegar é preciso” que seja “com método, com ordem e medida, sabendo quais passos dar para atingir um determinado fim.” (p.08)
Segundo o autor, “no século XVII duas respostas à questão dos fundamentos do conhecimento científico são elaboradas: o racionalismo (de R. Descartes e de G.W . Leibniz, entre outros) e o empirismo(relacionado, por exemplo, aos nomes de F. Bacon, J. Locke e T. Hobbes). O racionalismo do "pai" da filosofia moderna, isto é, de Descartes, busca fundamentar, de forma dedutiva, a existência do cogito,isto é, da razão humana.”(p.10)
Referindo-se a contribuição de Descartes, o texto permite a dimensão da contribuição dele para desenvolvimento do método científico, o autor diz que “o conhecimento é obra da razão, é ela que garante a correção das descobertas e a relação real entre idéias e extensão,”... e que “o processo da dúvida metódica... resultou numa garantia para a produção de verdades no campo da ciência”. (p.11)
Do empirismo, relacionado Bacon, compreende-se que “a partir mesmo de sua valorização da experiência sensível como fonte principal do conhecimento, vão colocando cada vez mais nas condições psicológicas do sujeito produtor de conhecimento a possibilidade de elaboração de leis gerais.” (p.12)
O método estruturado por Newton “combinou de maneira apropriada as duas tendências até então antagônicas: o empirismo e o racionalismo. Afirmava ele que tanto os experimentos sem interpretação sistemática (empirismo) como a dedução sem a evidência experimental (racionalismo) não levam a uma teoria confiável.” (p.13)
Avançando no tempo, chega-se ao empirismo de D. Hume, que para o autor, “radicaliza a proposta empirista de fundamentação da ciência moderna. Sua análise do processo de constituição do conhecimento científico esteve visceralmente relacionada ao seu projeto de constituição de uma ciência da natureza humana.” (p.16)
Para Kant, de acordo com o texto, “a idéia comanda a produção de conhecimento, filtra as informações dadas pelos sentidos e, assim, tem primazia sobre a própria impressão... Nesse sentido, ele se coloca ao lado dos autores que privilegiam a atividade do sujeito como fonte principal do conhecimento (racionalismo).” (p.20)
Falando sobre Hegel, utilizando como exemplo o artista diante de um pedaço de madeira, depara-se com existência de um movimento dialético assim constituído: a - identidade ou tese (seres diferentes artista/ madeira), b-contradição e negação (relação entre o artista e a matéria-relação de submissão/ conflito), c-positividade e negação da negação (o surgimento de uma obra, que é uma síntese/ que pode gerar novas sínteses/obras).
Do século XIX, surgem dentre outros: Comte- que propõe um método para as ciências sociais parecido com o das ciências da natureza. O referido método é baseado na observação neutra, objetiva, desligada dos fenômenos, valorização exclusiva do fato e na segmentação da realidade. K. Marx- cuja obra fundamenta-se nas seguintes certezas: que a base da sociedade e do próprio homem é o trabalho, homem se faz historicamente e que o conhecimento científico, para Marx, é uma ferramenta de compreensão e de transformação da sociedade humana.
No século XX, segundo o autor, surgem “três tendências metodológicas – o neopositivismo, o estruturalismo e a fenomenologia – buscam manter e, ao mesmo tempo, aprofundar os fundamentos teóricos estabelecidos já quando do nascimento da ciência moderna.” (p.28)
O século passado foi marcado por tendências que rompem com as estruturas de fundamentação da científica e que com certeza possibilitaram a utilização de novos métodos de pesquisa, que influenciaram nos resultados de experiências e na percepção e modificação da realidade, elas surgem a partir de pensamentos de Nietzsche (para quem não existem fatos, só interpretações), da Escola de Frankfurt (que propõe o conhecimento da sociedade entendida como um processo dinâmico, histórico, mutável, dialético), Popper (o pesquisador deve, o tempo todo, tentar refutar ou falsear suas hipóteses), Kuhn (concepção da realidade não redutível, de forma absoluta, a um modelo explicativo), Lakatos (as teorias são fruto de um programa de pesquisa amplo), Pragmatismo (todo e qualquer pressuposto de compreensão da realidade é discutível), Construcionismo (tanto o sujeito como o objeto do conhecimento são construções sociais e históricas).
RETOMANDO A VIAGEM...
Para me tornar ‘um sujeito da história da ciência, (...) [é necessário que se conheça o] modo pelo qual o exercício da produção do conhecimento científico pode ser feita. ”(P.43) Ressalta-se que independentemente do método utilizado, questões epistemológicas sempre surgirão e então se faz necessário uma nova discussão , quem sabe novos caminhos, novas viagens. Lembrando que para o autor, “a realidade não se submete aos esquemas conceituais que o homem inventa para compreendê-la.”(p.43)Eis grande lição do texto.

Referências
ARAÚJO, Heloisa Sobreiro Selistre de. O ÓLEO DE LORENZO. Resenha. Click Ciência. 2007. Disponível em: http://www.ufscar.br/~clickcie/print.php?id=226.Acessado em 12/07/09. CARVALHO, Alex et al. Aprendendo Metodologia Científica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, pp. 11—69. Disponível em: http://ava2.unitins.br/ava/default.aspx#. Acessado em 05/07/09.

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