domingo, 21 de março de 2010

Artigo.

A REPRESENTAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO PARA OS DOCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO DF (fragmento)
Há desafios que devem ser vencidos para que Projeto Político Pedagógico de uma escola represente para os docentes algo mais que um simples documento, elaborado graças a uma ação burocrática ou uma realização feita apenas por força das normatizações, torna-se preciso evitar o cenário delineado por Veiga (2008:65), onde “professores não acreditam, nem mesmo, na necessidade e na validade de se analisar uma nova proposta e tudo se reduza a longas e cansativas reuniões.”
Indo em direção oposta e acreditando na educação pública, para o educador, o projeto pode significar o surgimento de um poder local capaz de transformar a realidade de uma comunidade, oferecendo uma educação que permita e permeie práticas educacionais que aliem currículo ao perfil dos discentes, discurso à prática e normas à autonomia. Lembrando que para Gadotti (1994:02) “não se constroi um projeto sem uma direção política, um norte, um rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também político.”
Então, considerando apenas uma parte do elenco de atores que deve se envolver no em todo o processo, ou seja, o professor, desde as primeiras ponderações até o último momento de julgamento desse documento, lança-se uma questão: qual a representação do projeto político pedagógico na construção da prática docente dos professores do curso de Educação,
Democracia e Gestão Escolar?

Em determinado período do ano letivo, geralmente no início, somos chamados para a (re) elaboração do projeto político pedagógico da escola em que atuamos. As reações são adversas, da apatia ao engajamento, entretanto, após a conclusão dos trabalhos e da confecção do documento final, dependendo da estrutura organizacional, equipe gestora e de coordenação, etc., ele pode se tornar o documento norteador da prática docente ou simplesmente ignorado. Reproduzimos em nossa trajetória profissional o que muitas vezes fazemos em nossa vida pessoal, nos apropriamos ou descartamos de conceitos, ideias, discursos ou coisas de acordo com o significado e /ou representação que eles possuam para nós. Não entendemos, de acordo com Veiga (2003: 277), “a instituição educativa não é apenas uma instituição que reproduz relações sociais e valores dominantes, mas é também uma instituição de confronto, de resistência e proposição de inovações.”

Talvez este seja o grande desafio: compreendermos qual o valor, significado ou representação que esse documento, tão importante para a escola, tem para nós?


De acordo com Houaiss, significação é a “relação de estima, reconhecimento, apreço por alguém ou algo; importância, valor, significação,significância ou representação mental”. Para representação, tem-se seguintesacepções: “ideia ou imagem que concebemos do mundo ou de alguma coisa , operação pela qual a mente tem presente em si mesma a imagem, a ideia ou
o conceito que correspondem a um objeto que se encontra fora da consciência.”


De acordo com a representação e significado que o projeto político pedagógico tenha para o professor, a sua ação dentro da instituição será definida, pois, as normatizações implementadas na educação nos últimos anos, refletem parte das grandes mudanças ocorridas em nossasociedade e geraram demandas que só podem ser resolvidas coletivamente. Assim, ao
optar pela prática planejada e operacionalizada desconsiderando o referido documento, pode o professor, conscientemente ou não, construir barreiras para a efetivação da proposta.
No Distrito Federal, a Lei 4036 /07, no Art.17, parágrafo 3º, estabelece que “Após nomeada, a equipe gestora terá o prazo de 60 (sessenta) dias para construir coletivamente a proposta pedagógica para a instituição educacional, para o ano de 2008, que deverá ser revista/atualizada a cada início de um novo ano letivo.” Eis os pilares legais que avalizam a construção do PPP nas escolas públicas do DF. Entretanto, deve-se estar atento, pois de acordo com Veiga (2003:272) “O projeto político-pedagógico, na esteira da inovação regulatória ou técnica, está voltado para a burocratização da instituição educativa, transformando-a em mera cumpridora de normas técnicas e de mecanismos de regulação convergentes e dominadores.” Uma feição que muitos professores enxergam e por isso o rejeitam. O processo de participação deve ser bem estruturado, deve entre aspectos, privilegiar o fazer pedagógico.

O professor, um dos sujeitos no processo ensino aprendizagem, precisa construir a sua prática considerando diversos fatores, dentre eles: o projeto político da escola em que trabalha. Em tese, ela segundo Lück (2006:67) comprova que “a dimensão pedagógica da participação refere-se ao fato natural de que a prática, um fator natural de que a prática é, em si, um
processo formativo e, portanto, um fator fundamental de promoção de aprendizagens significativas e construção do conhecimento.” Refletindo as propostas, a utilização desse documento contribui para o aprimoramento profissional desse sujeito. Entretanto, deve-se vislumbrar algo maior, para além da sala e caminhar ao encontro do que diz Veiga (2003, p.277) para quem “a inovação educativa deve produzir rupturas e, sob essa ótica, ela procura romper com a clássica cisão entre concepção e execução, uma divisão própria da organização do trabalho fragmentado.
Essa experiência participativa pode estimular o incremento e a inclusão de novos modelos teóricos, privilegiando processo(s) que ampliam os atores e o espaço dentro do cotidiano das escolas pode-se considerá-la como uma ação denominada por Saviani (2008:69) de “articulada”, de caráter popular e em busca de “de métodos de ensino eficazes. Tais métodos situar-se-ão para além dos métodos tradicionais e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e de outros.” Portanto, é sempre bom lembrar que o projeto pode nortear práticas docentes que permitam à escola possuir, conforme Libâneo (2004:66), uma “qualidade formal e política [...] baseada no conhecimento e na ampliação de capacidades cognitivas, operativas e sociais, com alto grau de inclusão” .

Fonte:A REPRESENTAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO PARA OS DOCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO DF CAVALCANTE.(Trabalho de conclusão de curso apresentado por Carlos FernandesCavalcante à coordenação do cursode Pós-Graduação em Educação,Democracia e Gestão Escolar, para obtenção do grau de Especialista emEducação, Democracia e Gestão Escolar pela Fundação Universidade do Tocantins -UNITINS, soborientação do professor Mestre. JoséCarlos de Melo. )Março de 2010.