domingo, 7 de dezembro de 2008

A construção de uma prática docente mais humana.

Maria Stela Gomes Pedrosa

O exercício da prática docente se baseia no trabalho coletivo, no contato com várias estratégias de ensino e com os discentes. Deve-se então ,enfatizar a importância de se pensar/planejar esse trabalho docente apoiado nos conceitos de reflexão e pesquisa, para que o processo de ensino-aprendizagem se desenvolva concomitantemente ao da formação do cidadão, segundo Pulino(2008:11 )” a formação do indivíduo, de sua identidade, é um processo social, cul­tural e histórico, que se dá por meio das relações formais e informais na sociedade, e que se caracteriza por ser um processo de mão dupla: na medida em que o indiví­duo, agindo no mundo e relacionando-se com os outros, constitui-se, ele participa da construção da sociedade e da cultura.”O professor está inserido nesse processo, ora ensina, ora é aprendiz.
Em 2008, desenvolvemos várias atividades, dentre elas, a mais recente Feira de Arte, Ciências e Cultura do CEF 03 do Gama DF, para a realização dela os alunos mobilizaram vários conhecimentos, tanto os pedagógicos quanto os científicos. No desenvolvimento e apresentação dos trabalhos ,os alunos contaram com alguns professores que atuaram como orientadores de pesquisa , alimentando suas curiosidades e buscando soluções para os problemas que surgiram.Observamos que todos os trabalhos desenvolvidos por esses professores se destacaram, aos outros, que preferiram o caminho do isolamento e da postura tradicional, com propostas formatadas e prontas, restaram queixas e comparações, até o rendimento alcançado ficou abaixo da media das outras turmas.No primeiro encontro após o evento, ficou acordado, após uma processos de avaliação, que o caminho construído pelo primeiro grupo de professores é o mais adequado e se tornará referência para o ano letivo de 2009.
O sucesso do referido grupo se deu, não só pela postura, mas antes de tudo por enxergar no um ser capaz e criativo, sendo estimulado, mesmo diante das circunstâncias, algumas vezes adversas, a superar os obstáculos e construir o seu próprio conhecimento, demos um grande passo ruma à compreensão do que afirma Pulino (2008:8) que” na verdade, antes mesmo de nascermos, já somos seres de um tempo his­tórico, de uma cultura específica e ocupamos um lugar na sociedade”. Por isso devemos acreditar no ser humano, sempre.
Referindo-se à interação professor-aluno, pode-se dizer que as dificuldades sentidas durante os primeiros contatos, no início do ano foram aos poucos desaparecendo, graças não só às aulas, mas ao desenvolvimento de atividades que propiciaram uma conquista crescente, da confiança, do carinho e do contato intenso e cá entre nós, ajudou muito o bom desempenho nelas, os alunos passaram a valorizá-las.
Para Alencar (2007:20) “Abramovay (2003), ao realizar uma pesquisa envolvendo diversas escolas públicas no Brasil, concluiu que a escola pode ser tanto um ambiente propiciador de aprendizado e lugar de uma primeira socialização da criança, como também espaço em que o aluno é prejudicado por docentes e sistemas escolares não acolhedores. Ou seja, a escola, que tem como objetivo promover o aprendizado e o desenvolvimento dos sujeitos pode vir a se tornar um espaço de construção social de histórias de fracasso”. Assim durante os dois anos, tenho investido em ações que permitam aos alunos não só uma boa relação comigo, mas que também aprendam a conviver e respeitar os seus pares.Não tem sido uma tarefa,quase todos pertencerem a uma mesma comunidade e fatores externos à escola são os responsáveis por repercussões dentro da sala de aula, as vezes perversas e cruéis.Apesar atuar em História, tenho acreditado e participado de atividades de Educação Física e Arte,objetivando a transformação dessa realidade, apesar de alguns atropelos, estamos no caminho certo. Tenho, com alguns de meus colegas, apostado no trabalho coletivo.
Acordei nos últimos anos de longo sono, estava muito acomodada, acreditava que tudo estava feito e que não tinha mais nada para contribuir, aguardava a aposentadoria. Ao pleitear a disciplina de PI- Projetos Interdisciplinares, descobri que precisava rever todos os meus conceitos, corri atrás, estudei, busquei ajuda, propus e aceitei parcerias que nunca, como professora de História teria pensado, foi uma evolução , aprendi a olhar o aluno de uma outra forma.Ao retornar há dois anos para a minha disciplina trouxe essa bagagem e me vi como outra educadora. Dentre as mudanças, apostei no trabalho de pesquisa e hoje compreendo o que diz Pulino (2008:18) “ as ciências humanas são, portanto, um campo de conhecimento construído na perspectiva da dimensão complexa do humano”, para construir o conhecimento do meu aluno devo entender o que ele traz, a sua história e devo ajudá-lo a compreender e a entender além de sua própria trajetória a dos outros. Assim construí uma nova prática, não sei se estou caminho ideal, mas tenho a certeza que hoje contribuo muito mais para formação dos meus alunos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR,Eliana de Sousa .As Relações Interpessoais entre professores e alunos mediando histórias de fracasso escolar:Um estudo do cotidiano de uma sala de aula.Teresina.2007.Disponível em http://www.ufpi.br/mesteduc/dissertacao/2007/relacoes_interpessoais.pdf. Acessado em 24/11/2008
PULINO, Lúcia Helena Cavasin Zabotto.As Ciências Humanas no Ensino Médio e suas Tecnologias : compromisso social e ético no cotidiano . Brasília : CEAD/UnB, 2008.

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