sábado, 10 de julho de 2010

GÊNERO- CONSTRUINDO UMA NOVA VISÃO-PROJETO 2010

CENTRO DE ENSINO MÉDIO 01 DO GAMA
PROJETO ...
DISCIPLINA:PI
CLIENTELA: ALUNOS DA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO- TURMAS DE 2010- MATUTINO

RESUMO- TEXTO 1-ATIVIDADE PRÁTICA



SUBORDINAÇÃO E GÊNERO: DEBATENDO ALGUMAS QUESTÕES .

Osíris da Cunha Fernandes


“Devemos esperar que um novo equilíbrio possa se instaurar entre duas partes igualmente responsáveis? Ou devemos temer que o desejo de dominação vença ainda uma vez a sabedoria?”
Elizabeth Badinter


Papeis Sociais Atribuídos às Diferentes Categorias de Sexo
Não é difícil enxergar que homens e mulheres não ocupam posições análogas na nossa sociedade. A identidade social da mulher, assim como a do homem, é edificada através da atribuição de papéis distintos, que a sociedade espera ver cumpridos pelas diversas categorias de sexo. A sociedade demarca, com bastante precisão, os campos em que pode operar a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que o homem pode atuar. Rigorosamente, os seres humanos nascem machos e fêmeas, e é através da educação que recebem que se tornam homens e mulheres. A identidade social é, portanto, socialmente construída.

A Inferioridade Da Mulher
Presume-se que, originalmente, o homem tenha dominado a mulher pela força física. Via de regra, esta é maior nos elementos masculinos do que nos femininos. Mas, como se sabe, há exceções a esta regra. Variando a força em função da altura, do peso, da estrutura óssea da pessoa, etc.. Há mulheres detentoras de maior força física que certos homens.
A força da ideologia da “inferioridade” da mulher é tão grande que até as mulheres que trabalham na enxada, admitem sua “fraqueza”. Estão de tal maneira convencidas desta ideia de sua “inferioridade”, que se assumem como seres inferiores aos homens.
Do ponto de vista biológico, o organismo feminino é muito mais diferenciado que o masculino, estando já provada a sua resistência. Tanto é que as mulheres, estatisticamente falando, vivem mais do que os homens.
Não se trata, contudo, de desejar provar qualquer superioridade da mulher em relação ao homem. O argumento biológico só foi utilizado a fim de mostrar a inexistência de fundamentação científica da ideologia da “inferioridade” feminina. Por outro lado, este argumento serve também para mostrar, mais uma vez, a elaboração social de fenômenos orgânicos, portanto, naturais. Ademais, a elaboração ideológica caminha em sentido contrário ao das evidências orgânicas, pois as tábuas da vida da maioria esmagadora dos países mostram que as mulheres são mais longevas que os homens.
Na tentativa de inculcar nos seres humanos a ideologia da “inferioridade” feminina, recorre-se muitas vezes, ao argumento de que as mulheres são menos inteligentes que os homens. Ora, a ciência já mostrou suficientemente que a inteligência constitui um potencial que pode ser desenvolvido com maior ou menor intensidade, dependendo do grau de estimulação que receber.
Os portadores e divulgadores desta ideologia esquecem-se de medir as oportunidades que foram dadas, ou melhor, negadas às mulheres. Ao se atribuir a elas a responsabilidade praticamente exclusiva pela prole e pela casa, já se lhes está, automaticamente, reduzindo as probabilidades de desenvolvimento de outras potencialidades de que são portadoras. Desta forma, a igualdade de oportunidades pressupõe a partilha de responsabilidades por homens e mulheres, em qualquer campo de Atividade, inclusive no doméstico.
Do exposto pode-se concluir facilmente que a “inferioridade feminina” é puramente social. Todavia, enquanto persistem discriminações legitimadas pela ideologia dominante, especialmente contra a mulher, os próprios agentes da justiça tenderão a interpretar as ocorrências que devem julgar à luz do sistema de ideias justificadoras do presente estado de coisas. O poder está concentrado em mãos masculinas há milênios, e os homens temem perder os privilégios que asseguram sua supremacia sobre as mulheres.
O Poder E O Macho
A sociedade está dividida entre homens dominadores de um lado e mulheres subordinadas de outro. Há homens que dominam outros homens, mulheres que dominam outras mulheres e mulheres que dominam homens. Isto equivale a dizer que o patriarcado, sistema de relações sociais que garante a subordinação da mulher ao homem não constitui o único princípio estruturador da sociedade.
A divisão da população em classes sociais, profundamente desiguais quanto às oportunidades de “vencer na vida”, representa outra forma de dominação, considerada absolutamente legítima pelos poderosos e por aqueles que se proclamam neutros, o mesmo se passando com as diferenças raciais e étnicas.
De modo geral, a supremacia masculina perpassa todas as classes sociais. O poder do macho, embora apresentando várias nuances, está presente nas classes dominantes e nas subalternas, nos contingentes populacionais brancos e não-brancos. Uma mulher que, em decorrência de sua riqueza, domina muitos homens e mulheres, sujeita-se ao jugo de um homem, seja seu pai ou seu companheiro. Assim, via de regra, a mulher é subordinada ao homem. Homens subjugados no reino do trabalho por uma ou mais mulheres detêm poder junto a outras mulheres na relação amorosa.
A Quem Serve A Relação De Dominação Da Mulher Pelo Homem
Já registramos a consciência de que o fenômeno da subordinação da mulher ao homem trespassa todas as classes sociais, sendo legitimada também por todas as grandes religiões.
No plano das classes sociais, a maioria esmagadora dos homens é constituída de trabalhadores que, em troca de um salário, obedecem às ordens de patrões. Estes constituem a minoria que detém o poder econômico. A esta forma de poder associa-se, quase sempre, o poder político. Esta associação permite à minoria impor regras de conduta à maioria. É desta forma que os poderosos disciplinam e controlam a mão-de-obra assalariada, cujo trabalho lhes garante auferir grandes lucros.
Questões como estas devem ser respondidas à luz da complexidade da sociedade moderna. Em nenhuma classe social, o homem abre mão espontaneamente dos seus privilégios. Nas camadas mais privilegiadas, contudo, existe uma consciência mais aguda da identidade dos interesses econômicos entre homens e mulheres. Ainda que o homem não ceda de mão beijada seus privilégios, a participação feminina em certas atividades não ameaça o interesse básico comum da família burguesa, isto é ampliar sua própria riqueza.
Já no seio das camadas trabalhadoras, cuja luta pela sobrevivência é brutal, é ainda muito incipiente, está ainda muito no início o processo de construção da solidariedade. Este processo é lento e difícil, pois as classes dominantes não perdem sequer uma oportunidade de meter suas cunhas nele. Através da ideologia machista, que legitima a dominação da mulher pelo homem, as camadas patronais impedem, ou pelo menos dificultam, a união entre trabalhadores e trabalhadoras.
O machismo, presente tanto na cabeça dos homens como na das mulheres, contribui enormemente para a preservação do estado de coisas vigente no mundo, pleno de injustiças, qualquer que seja o ângulo do qual for examinado: das relações homem-mulher, das relações entre as “classes sociais”, etc.. Estes sistemas de dominação-exploração fundiram-se de tal maneira, que será impossível transformar um deles,deixando intactos os demais. Disto decorre o fato de que todas as atitudes machistas reforçam a fusão dos grupos de dominação-exploração. Será possível levar avante esta luta através da tomada de consciência dos prejuízos coletivos e individuais deste estado de coisas, assim como por meio da desmistificação da ideologia liberal. Esforcemo-nos, ao menos no aprofundamento do estudo sobre aquela que é o sal no banquete terrestre, conforme Erasmo de Rotterdam.
FONTE: http://www.icieg.cv/files/00052_view.pdf

ATIVIDADES:
A-LEITURA E ANÁLISE DO TEXTO .
B-PRODUÇÃO DE TEXTO- RESUMO.

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