terça-feira, 13 de outubro de 2009

UNITINS- AVALIAÇÃO: RESENHA CRÍTICA


Curso de pós-graduação em Educação, Democracia e Gestão Escolar
Disciplina: Gestão escolar e financiamento
Professor: Francisco Gilson Rebouças Porto Júnior
Alunos: Cássia dos Reis Barbosa Guerra
Carlos Fernandes Cavalcante

REFLEXÕES

A escola é um lugar que abriga uma enorme gama de visões e forma de abordagens diferentes. Com isso, ao tentar definir a gestão, mais especificamente a gestão escolar, devemos levar em consideração essa multiplicidade de visões e valores que a ela abriga. Assim, desafio maior das instituições de ensino públicas tem sido romper com a tradição da educação formal, que reproduz os mecanismos de poder estabelecidos pela classe dominantes do Brasil. A quebra de paradigmas não é fácil, apesar de estudos e avaliações institucionais indicarem avanços estamos longe de construirmos a escola ideal.
Após a chegada da Nova República, da promulgação da Constituição Cidadã e da Lei de Diretrizes e Bases as escolas passaram por profundas transformações, boa parte dela para atender aos anseios do discurso político e partidário dos nosso representantes. Então, vivenciamos, sem entender muito bem, a teoria crítico social dos conteúdos. Passou-se a falar em habilidades e competências, avaliação qualitativa, cidadania, etc. Desde 1985, alternam-se com avanços e retrocessos, diversos modelos de gestão das escolas: diretas, lista tríplice, indicação de Distritais, diretas, nomeações, concurso, lista tríplice(de novo!), gestão compartilhada, referendo, etc. Trocou-se o Plano de Ação Anual pelo Projeto Político Pedagógico, surgiram os conselhos, a cada governo uma atribuição. Criou-se a EAPE, fala-se muito em formação continuada. Recursos foram destinados sob diversas nomenclaturas FNDE, PDAF, Suprimento, etc. Lutas, muitas lutas, greves, governo surdos e escolas sucateadas. Deste modo, vivencia-se, desde 1986, práticas pedagógicas diversas: começando pela preocupação com transmissão formal dos conhecimentos até as que permitem ao aluno o desenvolvimento de sue potencial criativo, lúdicas e pretensamente libertadoras. É possível que pela proximidade com Governo Federal, responsável pelos repasses. Além de uma estrutura física mais enxuta e professores teoricamente mais capacitados, quase todos com formação superior completa, nasceu o mito de que no DF, oferece-se uma educação de qualidade superior a de outras Unidades da Federação, tal afirmação baseia-se também em resultados avaliações institucionais e até mesmo no discurso de entidades como o SINPRO- DF.
Diante do exposto, para muitos, a escola de hoje está bem melhor que a de governos passados. Existem mais recursos financeiros disponíveis, não se privilegia o “decoreba”, pois, a abordagem metodológica permite ao aluno uma construção efetiva do conhecimento, existe a possibilidade de se escolher o seu gestor, os pais estão mais presentes, graças à criação dos Conselhos Escolares, etc. De acordo com Lombardi (2006:12) são “várias opiniões arraigadas que temos sobre o mundo, a sociedade, a vida e o trabalho, e também sobre a escola, sobre a administração escolar e sobre o papel do diretor de escola.”
Uma das grandes transformações ocorridas se refere à gestão. Um dado se torna relevante, segundo Gois in Lombardi (2006:14) “a indicação política é, segundo o Saeb (exame do MEC que avalia a qualidade da educação), a que tem mais impacto negativo no desempenho dos estudantes. No exame de 2003, em todas as seis provas (são aplicados testes de português e matemática para alunos de quarta e oitava séries e do terceiro ano do ensino médio), os alunos que estudavam em escolas dirigidas por diretores nomeados politicamente tinham o pior desempenho. Os melhores desempenhos foram de alunos de colégios onde a escolha foi feita por concurso ou eleição.” Percebe-se que o modelo de gestão influencia todo o trabalho pedagógico de uma escola. As transformações, para Júnior (2009:22) revelam antes de tudo que “uma crise de paradigmas engendra, portanto, uma mudança conceitual, ou uma mudança na visão de mundo, como conseqüência do esgotamento dos modelos predominantes de explicação. Isso acontece também com respeito à gestão.”
Sabemos que na área da administração as contribuições de Taylor e Fayol são muito valiosas e, que algumas dessas teorias administrativas adentraram a área educacional de forma intempestiva, inicialmente na rede privada, mas essas teorias estão cada vez mais sendo aplicadas também nas instituições de ensino públicas.
Torna-se importante para nosso estudo, diferenciar instituição e organização, palavras que não raras vezes são utilizadas erroneamente como sinônimos. Segundo Francisco (2009), “A organização é a construção que surge quando um grupo de pessoas se junta em torno de algo ou mesmo de objetivos expressos, havendo uma mobilização para isso. Ela surge com objetivos que, ao longo de sua existência podem ser repensados rapidamente, em face das constantes necessidades locais e/ou regionais.
Por outro lado, a instituição, também fruto de um grupo de pessoas que se juntam em torno de algo ou mesmo de objetivos expressos, é algo mais cristalizado. Como assim? A instituição pode ser vista como o desenvolvimento e a consolidação ao longo da existência de um coletivo em torno de seus objetivos. “Nesse sentido, suas regras e leis são mais rígidas e não facilmente modificadas a cada ‘vento social’”.
Dessa maneira, a escola não deve ser administrada como se fosse uma organização, pois possui características que a especificam como uma instituição. A gestão escolar deve ser diferente da gestão empresarial, atendendo as especificidades da escola.
Segundo Mara Lúcia Castilho, “o uso do termo gestão da educação pode se referir muitas vezes a modelos distintos, embora complementares, de gestão dentro de uma instituição de educação (da gestão administrativa à gestão do processo educacional)”. Assim quando se fala em gestão escolar, deve-se levar em consideração o aspecto político-pedagógico, bem como a administração dos recursos materiais e humanos dentro da instituição escolar.
Assim, o termo gestão deve ser entendido segundo Luck (2000) citado por Castilho, como a representação de novas idéias que buscam estabelecer, na organização, uma orientação transformadora, a partir da dinâmica das relações que ocorrem em seu contexto interno e externo.
Existem modelos de gestão e organização das instituições de ensino, dentre eles iremos destacar os modelos político e o racional burocrático. No modelo político, é enfatizado a importância do poder, da luta e do conflito, inexistem objetivos consistentes e partilhados por todos. Os processos de tomada de decisão aparecem como processos complexos de negociação. Já no modelo racional, acentua a clareza dos objetivos organizacionais e pressupõe a existência de processo e de tecnologias claros e transparentes. O modelo racional por seu grau, de consensualidade em torno dos objetivos, possibilita e existência de um sistema de referências completo e consciente do ponto de vista técnico, a partir do qual é possível conhecer as escolhas possíveis e prever suas conseqüências para alcançar o mais alto grau de eficiência.
O modelo racional-burocrático é típico da sociedade contemporânea que prima pela clareza e estabilidade, sendo, portanto o modelo mais utilizado nas instituições escolares. No Distrito Federal, não é diferente e o modelo racional-burocrático também é utilizado e os processos de tomada de decisões nas instituições escolares públicas contam, em governos, com a participação do sindicato e da comunidade.
De maneira que, não existe um único modelo de gestão, porém a gestão deve levar em consideração a pluralidade de visões e valores que a escola abriga, Portanto, deve-se acreditar que o modelo ideal de gestão ainda está por se criar ou construir, conforme a afirmação de Lima (2006:01) “nem tudo está perdido. Ainda há alguma esperança. Ainda não interditaram o coração dos homens. E de repente, um estudante-poeta-educador, pula o cordão do isolamento e grita: uma outra escola, um outro mundo será possível, quando entendermos que a justiça, a democracia, a cidadania são espaços não de privilegiados nem dos especialistas, mas de criação coletiva, dos quais todos, à sua maneira e em suas potencialidades e limitações, são seus autores e gestor”.

Referências:
CASTILHO, Mara Lúcia. Gestão do ensino superior: o caso das instituições privadas do Distrito Federal. Disponível em: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Castilho.pdf. Acesso em: 23 de setembro de 2009.
JÚNIOR, Francisco Gilson R. Pôrto. GESTÃO ESCOLAR EFINANCIAMENTO.
Tocantins. 2009. Disponível em: http://ava2.unitins.br/ava/default.aspx?pop=n. Acessado em 2/09/2009.
LIMA, Ray.ESCOLA ZUMBI – IDEÁRIO DE POLÍTICA EDUCACIONAL, CONCEITO DE ESCOLA PÚBLICA. Artigo. Ceará. 2006. Disponível em: http://www.politeia.org.br/tikiindex.php?page=ESCOLA+ZUMBI+%E2%80%93+IDE%C3%81RIO+DE+POL%C3%8DTICA+EDUCACIONAL%2C+CONCEITO+DE+ESCOLA+P%C3%9ABLICA. Acessado em 09/09/2009
LOMBARDI, José Claudinei. A IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM HISTÓRICA DA GESTÃO EDUCACIONAL. Artigo. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. especial, p. 11–19, ago. 2006. Disponível em : http://www.histedbr.fae.unicamp.br/art3_22e.pdf.Acessado%20em%2017/09/2009.


Nenhum comentário: