segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Reflexões
Com vinte e três de magistério, ainda objetivo alternativas que transformem a minha prática e quem sabe possibilitem ao meu aluno o desenvolvimento e aquisição de competências que permitam a todos eles o exercício pleno da cidadania, lembrando Foucambert: apenas alfabetizar a população, dar-lhe acesso ao código sem dar-lhe acesso ao mundo da escrita está longe de representar uma possibilidade de fazer de um indivíduo um cidadão. É preciso pensar, (re) ver e (re) agir, o mundo está diferente, cada vez mais dinâmico, mudanças ocorrem em uma velocidade nunca vista. Necessito trabalhar para que o discente consiga,mesmo que parcialmente, dominar o uso da linguagem mais complexa e menos cotidianas, em leituras e compreensão de textos orais e escritos,olho para o PCN, sempre.
O texto de Lobato é engajado, permitindo além uma grata leitura, a análise crítica, encaminhando o leitor a estudos lingüísticos e de rupturas gramaticais. Interessante que tais possibilidades são admissíveis, mesmo para leitores com letramento de diferentes níveis. Portanto, não há com divergir do autor, sabendo-se que a leitura literária faz parte da ampliação do letramento, o que significa também o crescimento qualitativo das informações na memória, ou seja, na bagagem cultural do leitor/discente.
Apesar da diminuição de analfabetos em nosso país, o nível de letramento de nosso povo permitiu um afastamento ainda maior da língua culta, vale ressaltar que língua literária pode ser considerada uma variação artística, no referido texto o desvio do padrão foi esteticamente necessário, para demonstrar as divergências ou mudanças existentes entre os padrões existentes, especialmente no campo da oralidade, que é um tema atualíssimo, pode-se tomar como referência os neologismos e o desuso do pronome pessoal tu. Outro aspecto importante, a leitura literária permite um modo de ler próximo a realidade conhecida pelo leitor, estabelecendo outras relações importantes para a formação de sua consciência.
A língua é uma realidade viva e em constante mutação. Por isso, o domínio do nosso idioma é decisivo para o discente, e para obtê-lo se faz necessária a compreensão do caráter mutante que ela possui. O que hoje representa uma forma inadequada pode no futuro transformar-se em usual, podendo inclusive se considerada s padrão. Os estudos diacrônicos demonstram que esse tipo de atividade é muito comum, sendo um dos principais fatores de oxigenação de nossa língua, conclui-se que as mudanças ocorrem por diversos fatores, sejam eles geográfico e ou socioculturais, mas a transposição para outra prática só acontece quando um grupo aceita, utiliza e impõe a nova maneira de falar e/ ou escrever. Isso significa que a professor não pode criar no aluno a equivocada noção de que falar ou escrever não têm nada que ver com gramática.
O autor deixa bem claro que não há como deter as transformações, uma vez que a língua não tem dono, pertence ao povo, que soberanamente, faz as modificações necessárias, não se submetendo da Gramática Normativa que para Bagno (2000) representa um “mecanismo ideológico de poder e de controle de uma camada social sobre as demais, formou-se essa “falsa consciência” coletiva de que os usuários de uma língua necessitam da Gramática Normativa como se ela fosse uma espécie de fonte mística da qual emana a língua “pura”. Foi assim que a língua subordinou-se à gramática.”
Quando trabalhamos com o aluno, observamos que a aprendizagem processa-se ancorada na interação entre professor e alunos, alunos e alunos e entre alunos e material didático. Um texto tão rico e interessante, com tantas informações, deve ser usado de uma forma bem lúdica, num primeiro momento, uma leitura oral e, a seguir, promoção de uma conversa informal sobre ele, perguntando, por exemplo, se os alunos gostaram ou não e por que, se acharam o texto infantil e atual, etc. Os alunos devem observar também sobre as marcas próprias dos textos de gênero narrativo: a estrutura- personagem, enredo, discurso, ambiente, bem como as observações que são feitas a respeito dos diálogos e as que estão entre parênteses. O próximo passo pode ser uma leitura dramática, feita por vários alunos, cada um assumindo os personagens. Próximo, , elaborar uma analise escrita, com questões que permitam não só compreensão, mas a extrapolação do mesmo, evidenciando os fenômenos de variação e mudança, inerentes às línguas humanas, desenvolvendo assim as competências necessárias para o domínio e compreensão da língua e as habilidades de: leitura, interpretação e representação de um texto literário. Parte o planejamento deve ser feito em sala de aula, acatando a sugestão dos alunos, para inclusive definir o processo de avaliação.
A construção de uma nova prática não é uma tarefa fácil, requer a quebra de paradigmas e abandono de fórmulas exaustivamente utilizadas, mas é uma experiência que realmente merece se vivida. É preciso atentar para que esse ensino mais sistematizado da gramática seja visto em uso e para o uso, constatando-se sua funcionalidade e procurando-se inseri-lo em situações reais ou que se aproximem o máximo possível dessa realidade (PRESTES, 1996).


BIBLIOGRAFIA
BAGNO, Marcos. Dramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Loyola, 2000.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília. FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. PRESTES, Maria Luci de Mesquita. Ensino de português como elemento consciente de

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