sexta-feira, 24 de outubro de 2008

2: Os Caminhos da Construção da Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais

Uma nova formação docente
Maria Stela Gomes Pedrosa

Sim, durante anos a racionalidade técnica, cujas raízes foram afincadas no positivismo, impôs historicamente limites para o processo de formação dos docentes e, conseqüentemente, para o desenvolvimento de uma sociedade que procura por mudanças sociais, políticas e culturais, visto que, nesse modelo, os princípios básicos eram associados a conteúdos formais, estruturados em grades curriculares, não valorizando, dessa forma, a criatividade e a inovação do professor. Havia em alguns cursos a dicotomia entre bacharelado e licenciatura,ela levava a entender que no bacharelado se formava o técnico em educação e, na licenciatura o professor . Muitos profissionais da SEEDF, sou um exemplo, receberam esse tipo de formação, estrutura presente ainda em muitos cursos até hoje. Mas, com as transformações ocorridas em nossa sociedade e diante das crises que assolam o mundo moderno, nos últimos vinte anos as mudanças de paradigmas têm possilbiitado transformações em todos os âmbitos do saber e do fazer do homem, inclusive na educação atingindo também os conceitos de autonomia, emancipação e liberdade, obrigando-nos, mais uma vez, repensarmos e refletirmos sobre as novas competências para ensinar, novos entendimentos sobre ensinar e aprender, aprender a aprender e como apreender as novas formas de relação entre a ética e o agir pedagógico, surgindo então à necessidade de se formar o professor um profissional que não esteja apenas voltado para docência, mas que seja atambém um pesquisador.
Em relação à formação docente, as universidades têm um papel de destaque, transformaram-se em centros de produção e de legitimação dos saberes. São centros que viabilizam, estimulam e se responsabilizam pelo o ensino, pesquisa e extensão, desse modo, e todas as interações e ligações afins advindas desses três elementos. Entretanto, para Tardiff (2002) a formação dos professores e seus respectivos saberes dependem fundamentalmente, além das universidades, do interesse do Estado. (p. 41). É preciso entender,que os modelos de educação propostos servem para perpetuar ou servir aos interesses da ideologia dominante.Foi assim na Ditadura e na Era FHC, essa última responsável pelas grandes mudanças ocorridas na legislação educacional.Com a o retorno do Estado de Democrático e as novas demandas de um mundo globalizado, as universidades em consonância com alguns setores da sociedade buscam novos paradigmas para a educação.
No Dicionário Houaiss, “pesquisa é o conjunto de atividades que têm por finalidade a descoberta de novos conhecimentos no domínio científico, literário, artístico etc., é a investigação ou indagação minuciosa, é o exame de laboratório”. A compreensão desta definição e muitas outras ligada ao tema, remete-nos a alguns questionamentos: como pode o professor que não é pesquisador, propor atividades de pesquisas aos seus alunos?Como ele as fundamenta , organiza , orienta e avalia essa atividade?São dois questionamentos interessantes que podem demonstrar o caminho errático trilhado pelo docente na construção dos saberes. Assim deve-se buscar mudanças, as quais chegam às escolas sob o aspecto da necessidade de implementar a novas e práticas educacionais. Para Santomé (1998) esse processo é irreversível. (p83) Portanto, deve o professor ser fruto - formação docente/continuada/de projetos de pesquisas- ou estabelecer uma parceria com a universidade para quem sabe encontrar um espaço aberto para o trabalho com seus alunos oportunizando um melhor desenvolvimento de atividades pedagógicas que resultem em aprendizagens nas áreas de ciências exatas ou humanas, cultura, linguagens e tecnologia. Assim esses alunos encontraram nele ou na instituição o apoio e orientação para a definição e execução de projetos de cunho científico, social e/ou ambiental. Essas atividades que são desenvolvidas no ambiente escolar podem promover transformação e divulgação do conhecimento produzido, dando uma nova cara à escola.
Os alunos de hoje possuem características que aparentemente se contradizem: são questionadores, porém menos estudiosos e buscam respostas rápidas. Há muita coisa à disposição deles e infelizmente, pouca espaço para reflexão, para busca subjetiva de respostas. Existem diferenças entre os adolescentes de hoje e os de décadas atrás, são diferenças de aspecto ou de forma, embora as causas sejam relativamente diferentes, as angústias, os medos, as incertezas, a insegurança são os mesmos, tipicamente humanos. Daí a necessidade de um novo perfil para o docente,esse aluno faz parte de um novo mundo.De acordo com Costa(2008),”é preciso entender que vivemos em uma sociedade plural, onde múltiplas culturas se entrelaçam, disputam poderes e se fazem presente em toda sala de aula. A dessacralização da ciência destrói, corrompe, segundo a autora, a imagem do professor como homem do conhecimento, conferindo-lhe a perda de confiança em si mesmo, questão agravada pelo parco conhecimento e dificuldade de manuseio das novas tecnologias. E a insegurança vai interferir até na destreza de sua transmissão do conhecimento.”(p.8)As instituições de ensino superior ,com certeza, necessitam se voltar para formação de um docente –pesquisador que sabe o que faz e procura construir através de atividades de pesquisa um a nova prática, propiciando assim uma formação cidadã, libertadora.
Portanto, os professores do ensino médio devem rever o seu papel, redimensionando a sua prática para além da transmissão de conhecimentos, se preocupando também com a produção de conhecimento, informação de concepções e tratamentos de novos objetos, só possível com a pesquisa, para Costa (2008) “a relação entre professor e pesquisa deve ser pensada em movimento, em constante mudança, o que assegura a sua natureza histórica. Ou seja, ela deve ser refletida dentro do contexto histórico, social, econômico e cultural onde se realiza. Além disso, no nosso entendimento, somente a pesquisa é capaz desmistificar a prática escolar como o lócus preferencial para a formação do professor, como espaço privilegiado na construção de sua identidade profissional” (p.19).

Referências Bibliográficas:

Costa, Cleria Botelho da.Os caminhos da construção da pesquisa em ciências humanas e sociais. Brasília : Editora UnB, 2008.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e Interdisciplinaridade: o currículo integrado. Tradução.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.


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