domingo, 26 de outubro de 2008

Atividade 2-leitura

Caro professor,
A leitura do módulo 2 permitiu a discussão de vários conceitos fundamentais para o trabalho com a leitura em sala de aula. Entre eles, o conceito de paródia. Releia esta parte do texto e desenvolva a atividade seguinte:
Monte uma aula de leitura a partir dos dois textos abaixo. Mostre como você trabalharia os elementos da paródia no Texto 2 e como você construiria um debate relacionando o Texto 2 com o primeiro texto
Texto 1: Casamento e separação
O casamento
A festa que marcou a união entre o jogador Ronaldo e a modelo Daniela Cicarelli ocorreu sob um forte esquema de segurança para evitar a entrada de intrusos e jornalistas. No início da noite, um cortejo de carros de luxo, a maior parte com vidros escuros para dissimular a identidade de seus ocupantes, chegou ao Castelo de Chantilly, situado a cerca de 35 km de Paris.O bufê escolhido para as núpcias foi o tradicional Lenôtre, o mesmo que realizou os eventos gastronômicos para convidados "Vips" durante as Olimpíadas de Atenas. O bolo do casamento foi uma escultura toda em chocolate decorada com flores em açúcar vermelho. As luxuosas salas do castelo do século 17, que possui uma área de 7,8 mil hectares e representa uma das maiores áreas verdes nos arredores de Paris, foram decoradas com arranjos de tulipas e folhagens.
A separação
O "conto de fadas" entre o atacante Ronaldo, do Real Madrid, e a apresentadora Daniela Cicarelli acabou oficialmente nesta quarta-feira, menos de três meses depois do luxuoso "casamento" em um castelo na cidade de Chantilly, nos arredores de Paris.
Adaptado pela autora do módulo.
Texto 2: O príncipe desencantado
O primeiro beijo foi dado por um príncipe numa princesa que estava dormindo encantada há cem anos. Assim que foi beijada, ela acordou e começou a falar:
PRINCESA - Muito obrigada, querido príncipe. Você por acaso é solteiro?
PRÍNCIPE - É... querida princesa.
PRINCESA - Você tem castelo, é claro.
PRÍNCIPE – Tenho... princesa.
PRINCESA – E quantos quartos tem seu castelo, posso saber?
PRÍNCIPE – Trinta e seis.
PRINCESA – Só? Pequeno, hein! Mas não faz mal, depois a gente faz umas reformas... Deixa eu pensar, quantas amas eu vou ter que contratar...Umas quarenta eu acho que dá!
PRÍNCIPE – Tantas assim?
PRINCESA – Ora, meu caro, você não espera que eu vá gastar as minhas unhas varrendo, lavando e passando, não é?
PRÍNCIPE – Mas quarenta amas!
PRINCESA – Ah, eu não quero nem saber. Eu não pedi para ninguém vir aqui me beijar, e já vou avisando que quero umas roupas novas, as minhas devem estar fora de moda, afinal passaram-se cem anos, não é mesmo? E quero uma carruagem de marfim, sapatinhos de cristal e... e... jóias, é claro! Eu quero anéis, pulseiras, colares, tiaras, coroas, cetros, pedras preciosas, semipreciosas, pepitas de ouro e discos de platina.
PRÍNCIPE – Mas eu não sou rei das Arábias, sou apenas um príncipe...
PRINCESA – Não venha com desculpas esfarrapadas! Eu estava aqui dormindo e você veio e me beijou e agora vai querer que eu ande por aí como uma gata borralheira? Não, não e não, e outra vez não e mais uma vez não!
Tanto a princesa falou que o príncipe se arrependeu de ter ido até lá e a beijado. Então teve uma idéia. Esperou a princesa ficar distraída, se jogou sobre ela e deu outro beijo, bem forte. A princesa caiu imediatamente em sono profundo, e dizem que até hoje está lá adormecida. Parece que a notícia se espalhou, e os príncipes passam correndo pela frente do castelo onde ela dorme, assobiando e olhando para o outro lado.
SOUZA, Flávio de. Príncipes e princesas, sapos e lagartos. São Paulo: FTD, 1989.



Paródia e intertextualidade- a construção de uma nova prática de leitura

carlos fernandes


Dois conceitos são importantes para a introdução deste trabalho e construção da atividade com os alunos. O primeiro permite um redimensionamento da definição de paródia, presente nos livros de Literatura do ensino médio. Para Bakhtin, a paródia é organicamente estranha aos gêneros puros (epopéias, tragédias), sendo ao contrário, organicamente própria dos gêneros carnavalizados (2000, p.167). Portanto, ela liberta a idéia do texto de seu formato original , em um trabalho de subversão ,de desconstrução e reconstrução.Já Kothe (1987), afirma que “rastrear o percurso e atipologia do herói é procurar as pegadas do sistema social no sistema das obras”.Assim a paródia propicia uma ridicularização de seus elementos, resultando num riso sarcástico . Basta pensar no texto “O príncipe desencantado” e seus personagens destruirmos e compreendermos a deliciosa desconstrução dos arquétipos dos heróis e heroínas de contos de fadas, estabelecidos pelas histórias de origem européias e presente nas animações de Disney, nossa grande referência.
Intertextualidade significa relação entre textos, é como um recorte significativo feito no processo ininterrupto de semiose cultural. A intertextualidade é inerente à produção humana . Nos dois textos se descobre o mecanismo intertextual, na medida em que além de referir-se a eles mesmos, descobrimos as relações que possibilitarão a incorporação temática existente entre ambos, demonstradas pelas por algumas palavras como: Castelo de Chantilly, As luxuosas salas do castelo do século 17, que possui uma área de 7,8 mil hectares, O "conto de fadas", menos de três meses (texto1), E quantos quartos tem seu castelo, Trinta e seis, Esperou a princesa ficar distraída, se jogou sobre ela e deu outro beijo, caiu imediatamente em sono profundo e dizem que até hoje está lá adormecida. (texto2) Têm-se então alguns elementos importantes, ressaltando a efemeridade das relações, cujas causas estão bem claras no texto dois, mas são omitidas no texto um.
A atividade de paródia será construída a partir de duas aulas teóricas, sobre paródia e intertextualidade, tendo como ponto de partida a leitura e interpretação oral de dois pequenos textos ainda não definidos. O tema paródia será aprofundado com a leitura dos textos, “O príncipe desencantado”-de Flávio de Souza e trechos adaptados de “A Bela Adormecida”- de Walt Disney, Editora Melhoramentos.Após a leitura , buscar-se-á as marcas do textuais que possibilitam a semelhança entre as duas histórias e partir daí os alunos os alunos responderão oralmente a questões referentes aos textos e ao tema paródia, a questão final, será contextualizada e terá o texto 1 como referência .nessa questões , ampla e profunda eles discorrerão sobre os elementos de intertextualidade e sobre os heróis e heroínas das duas histórias.Ao final a palavra será franqueada para as considerações finais.Tudo realizado em três aulas. No processo de avaliação será centrado na qualidade da participação do aluno. Como recurso, utilizarei o texto escrito.
A construção das competências e habilidades de leitura é muito importante para que o aluno alcance o letramento e conseqüentemente se torne um cidadão crítico, lembrando que em todo processo de leitura de acordo com Bortone (2008) “ devem ser considerados: o contexto, o texto, o infratexto e o intertexto”. (p.31)É preciso então repensar a nossa prática e reconstruí-la a partir desse pressuposto.

REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
BORTONE,Márcia Elizabeth. Competência textual: a leitura. Brasília: Editora UnB, 2008.
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoievski. Trad. Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense/Universitária, 2000
KOTHE, Flávio R. O Herói. São Paulo: Ática, 1987.




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